quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O que é ser WORKAHOLIC?

                                                              por Fernanda Viviani

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Escrevo esse texto com a cabeça explodindo...

Workaholic é ser compulsivo por trabalho e estudos. É um vício letal como qualquer outro e acima de tudo é uma grande fuga.

Eu não sei ser de outro jeito. Eu tento, mas não consigo.

Não consigo me desligar do trabalho e nem dos estudos. Tenho recém completados 30 anos e na bagagem duas pós-graduações  concluídas e um MBA não finalizado. Dois com bolsa de estudos, sendo uma por mérito para estudar inteligência artificial em um importante núcleo de pesquisa.

Se sinto orgulho disso tudo? Não.

Isso não tem fim. É um vício. Você acha que chegou no topo e aí descobre que dá pra ir acima do Everest e vai e aí descobre que dá pra ir na Lua e vai ....

Você chega num nível que nada te satisfaz mais.

Eu cheguei nesse nível hoje. Eu percebi que não sei mais parar.

A quarentena só agravou o caso porque agora trabalho e estudo no meu quarto. Faço tudo no meu próprio recinto. Que prato cheio e suculento para um workaholic.

Eu só não consegui ficar milionária trabalhando, também porque pelo menos nunca fui uma pessoa materialista. Na verdade ano passado consegui até me afundar numa dívida de cheque especial a qual consegui pagar honradamente com meu trabalho.

O grande problema é que percebi que cheguei num ponto que não consigo mais me desligar de machine learning, inteligência artificial, inbound marketing ....

Ao invés de fazer um curso de aperfeiçoamento como qualquer pessoa normal faz na quarentena, nessa semana me inscrevi em mais de dez gratuitos das melhores universidades do mundo com a meta de acabar tudo em uma semana. E acreditem para quem é workaholic até essa meta audaciosa é possível de se concretizar, ainda mais presa dentro de casa.

Isso não é legal e nem saudável.

Por sorte minha enxaqueca me obrigou a parar tudo. E por isso cheguei a esse conclusão.

Por trás de toda compulsão está uma fragilidade.

Fui criada com uma disciplina tão rígida que às vezes parecia que eu estava num exército. Com três anos já estava na natação. Com quatro aula de inglês e bandinha. Com onze entrei numa escola onde era tudo em francês e eu nunca tinha sequer ouvido francês na minha vida. Com catorze competia em natação e no intercolegial como goleira de handebol .....

Agora entendo porque com 30 anos cheguei neste patamar insustentável.

O mundo vai sempre querer, na verdade EXIGIR a nossa perfeição. MAS, NÓS NÃO SOMOS PERFEITOS. Somos todos seres humanos e a nossa mair perfeição está exatamente na nossa imperfeição que nos permite cometer falhar e acertos, crescer e evoluir como seres humanos e acima de tudo seres espirituais.

Para as mulheres ainda é pior, temos os rígidos padrões de beleza. Basta abrir o Instagram para ver como somos bombardeadas com padrões de beleza que são mais androides do que humanos, visto que a maior parte está com Photoshop e milhões de filtros.

Já trabalhei como modelo quando mais nova e até lá eu era criticada, era magra demais. Depois engordei um pouco, aí era bombardeada e menosprezada porque não estava mais no padrão de modelo.

Daí hoje chego na conclusão que temos que estar bem com nós mesmas. Não importa o que o mundo diga. O importante é nossa sensação dentro do nosso santuário sagrado que é nosso próprio corpo, que pertence a nós e a mais ninguém.

Escrever levanta minhas sombras, mas também faz florescer a minha luz.

Espero poder ajudar alguém com esse meu desabafo. 

Mas, quanto a ser workaholic, é um processo, já evolui. Caso ao contrário sequer estaria fazendo esta reflexão. Todo o primeiro passo é reconhecer o problema e a origem, para então buscar a solução, isso no meu trabalho se chama "Planejamento Estratégico".

Estou pela primeira vez na vida trabalhando em algo totalmente desprendida da opinião do restante do planeta. Estou criando minha própria empresa, não para conquistar a glória do mundo, porque isso já vi que é impossível e aniquilador. Estou fazendo isso porque amo o que faço, sou apaixonada por inovação tecnológica e espero contribuir com outras empresas e pessoas através do meu trabalho.

Enfim, é um dia de cada vez. A gente levanta num dia, cai em outro, mas ao longo do caminho crescemos, aprendemos, evoluímos e nos tornamos pessoas mais fortes e sábias.

Namastê

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